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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

BENEDITO COUTINHO

 

Benedito Barreto Coutinho da Silveira nasceu no dia 20 de agosto de 1920, na cidade de Alagoinhas, Estado da Bahia.

As primeiras letras e o ginásio fez no Recife, Pernambuco. Iniciou-se nas redações do jornais de Recife, integrando-se na ebulição da vida artístico-literária, que continuou na atividade jornalística na antiga capital da Republica, no Rio de Janeiro, nos anos 40 até o os anos 70.
Integrou os quadros da redação do Correio Brasiliense na coluna diária Informe Internacional.

Faleceu  em 16 de outubro de 1978.

 

 

COUTINHO, Benedito.  Poemas do Cavaleiro.  Brasília:  Senado Federal, 1979   104 p.  ilus. Capa e ilustrações  de João Luiz Valim Batelli.  15,5 x 22,5 cm.   (Coleção Machado de Assis. Volume 21). 

Ex. bibl. Antonio Miranda  - Doação do livreiro Doação do livreiro Jose Jorge Leite de Brito


 

100 metros rasos

A terra treme sob os pés.
O atleta no ar suspira:
— Onde será o fim da reta
Que meu corpo leve aspira
O choque brutal do fim da meta?
Meu sangue se espalha pela pista
Que se aperta em torno do meu corpo.
Será que vêem o gesto do artista
No movimento sutil do homem morto?



Vida Futura


Minha vida futura
Numa estrada deserta.
Na porta fechada
Um ruído desperta
A luz apagada
Sem medo da morte.
O braço estendido
No estranho esporte
Do ar desconhecido.
O escuro dissolve
O Fantasma de pé.
Um queixume devolve
Um suspiro de dor.
O relógio ferido
Balança na noite
Seu rosto risonho.
Um olho fechado
Figura no sonho
Um galho tombado.
O véu da ventura
Balança no sopro
Da vida futura.

 

O susto

Cavalos assustados precipitam-se na rua,
Máscaras de morte vestem os transeuntes,
Frutos maduros tombados no chão
O perigo disfarça a lua no horizonte
Os pássaros monótonos singram o ar
As feras despertas se jogam no vazio
E tombam mortas, também mortas todas,
Nas folhas do jardim ferido
A vítima escuta o tropel do mundo
A agitação e os olhos caçadores
A dor veste-lhe o manto escarlate
A noite se anuncia costumeiramente
Mas o peito assaltado bate
bate com angústia 
E desordenadamente.

 

 

Os Pássaros

Não são celeste,
Os pássaros.
Mortais em corpo,
Almas eternas,
Só têm que voam.
Ao vento, à altura,
Contra o nosso céu,
Se avantajam e voam.

— Assim que vivem.

Mas eles morrem.
Apagam-se
— lâmpadas sem óleo.
Manchas apenas são.

— Assim que morrem.

Se vivos, ágeis,
Ei-los no espaço.
Traço, ponto,
Móvel, instável,
Rumo incerto de
Intuitivas migrações,
Viajam eles,
Donos do ar.

Folhas, lenços,
Restos de espuma
Do mar, se lá estão,
No sopro da brisa,
Pássaros são.

Contra o verde,
Berram de cores,
Indeléveis à chuva,
Atmosféricos.
Confundem-se, e
Nas tempestades,
Vivem com elas.
À noite, ao dia,
De ar e nuvens,
Já que boiam
Em secretos campos
Ultramagnéticos,
Fluidos intocáveis,
Sobre o nosso olhar,

— São os pássaros.

 
*

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Página publicada em agosto de 2021   
 

 

 

 
 
 
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